segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O MESTRE E O DISPARO FATAL

Recebi o texto abaixo de um amigo e como o achei fantástico, não posso deixar de compartilhar com você.



Um grande abraço



Augusto Cruz



Ser professor do ponto de vista da população é apenas uma fase na carreira de um profissional até que ele estabilize economicamente em outra profissão relacionada à sua graduação. O pior, é que isso é meia verdade. Vários “dadores” de aula utilizam indevidamente o título de professor durante um determinado tempo à espera de sua realização em outra profissão.
Com isso, o verdadeiro professor sofre, lendo e ouvindo, o que não deseja o que magoa e até constrange.
Qual o professor não ouviu? “Você ainda está dando aula?”. “Puxa vida, fui seu aluno há muito tempo atrás, como você agüenta”. “Professor, você está dando aula para o meu filho, já esta na hora de aposentar, né?”
Essas frases dignas de Galvão Bueno são ouvidas rotineiramente pelos mestres que pacientemente respondem com um sorriso, que dá ao interlocutor a idéia de concordância.
A primeira vista são frases banais ditas por ex-alunos que desejam simplesmente aproximar do antigo professor, são frases carregadas de preconceito sobre o magistério, nelas estão implícitas o pensamento geral da Nação: “Professor não é profissão, é bico”.
Muitas vezes o professor em uma roda de amigos é apresentado a alguém. Conversa vai, conversa vem, o novo conhecido faz o disparo fatal:
- Você é médico (advogado, engenheiro, jornalista, etc.)?
- Não, sou professor.
- Aaaaaah, “mas você só dá aula, não trabalha não, né?”.
Esse diálogo “mata mais do que bala de carabina e muito mais do que estriquinina”.
Mas não sofra, relaxe e aproveite a sua vida e seus momentos futuros e glória, pois possivelmente ainda será lembrado por um político em campanha eleitoral ou por alguém em seus quinze minutos de fama na televisão (Programa do Gugu, Faustão, Hebe Camargo, etc.) dizendo que você foi o professor preferido.

Domingos Arantes
(Professor, Acadêmico de Direito,
e contador de “causos” nas horas vagas)

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