A COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
Por Augusto Cruz
A comunicação de uma forma geral, é peça de fundamental importância para quem leciona, seja qual for a matéria e é o meio que temos para trabalhar as informações da disciplina que lecionamos, o conteúdo. Mas a comunicação não-verbal, influencia diretamente na formação
Lamentavelmente, algumas pessoas que “estão” professores, não compreendem bem essa importância, daí nos deparamos com problemas no ensino, que na verdade, são problemas de comunicação, gerando problemas sérios na formação dos educandos.
Aquilo que é dito é muito importante, mas, a forma como é dito pode modificar totalmente o significado da mensagem.
Clarice Michelan, em seu texto “Como entender a linguagem corporal”, nos diz o seguinte: “Estudos lingüísticos concluíram que as palavras correspondem a apenas 7% da comunicação. Já a voz, o tom da voz, e o jeito de dizer as coisas equivalem a 43%. Agora, surpreendentemente, a linguagem corporal transmite cerca de 50%, ou seja, metade da mensagem recebida pela outra pessoa”.
Comecemos com um exemplo onde só a interpretação da mensagem já causa confusão. Uma ex-aluna minha da universidade, professora em uma escola de um município do interior do Ceará, me contou o seguinte: falava-se sobre neve durante a aula, daí uma criança aluna dela disse “professora eu já vi neve. Eu vejo neve todo dia.” A professora, surpresa com a afirmação da criança, perguntou curiosa, onde ela via neve, a menina respondeu: “no congelador da geladeira lá de casa.”. Tem lógica! Ela deve ter escutado que neve era gelo, se a geladeira dela tem gelo, e neve é gelo, então ela vê neve todos os dias. Precisamos ter cuidado com a forma como passamos certas idéias para nossos alunos.
Um exemplo mostrando a força dos gestos, quem nos conta é Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia: “Às vezes, mas se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo. O professor trouxera de casa os nossos trabalhos escolares e, chamando-nos um a um, devolvia-os com o seu ajuizamento. Em certo momento me chama e, olhando ou re-olhando o meu texto, sem dizer uma palavra, balançando a cabeça numa demonstrarão de respeito e de consideração. O gesto do professor valeu mais que a própria nota dez que atribuiu à minha redação. O gesto do professor me trazia confiança ainda, obviamente desconfiada de que era possível trabalhar e produzir” (FREIRE, 1996).
Levando em conta essa força que a comunicação não-verbal tem, podemos pensar que, se fosse ao contrário, fisionomia e gestos negativos, também marcaria, só que negativamente, podendo inclusive gerar um trauma.
Outro dia ouvi um relato de uma aluna da educação infantil que tentava mostrar seu desenho para a professora, e que a “tia” insistia em dizer que estava muito bonito, sem sequer olhar direito para o desenho, só que a menininha percebeu e disse “Tia a senhora acha bonito e nem viu que no desenho eu estou matando a minha mãe.” Essa doeu!
Ela percebeu que, embora a professora respondesse, não estava lhe dando a atenção necessária. Não estava inteiramente no processo de comunicação.
Um outro fator é quando o pai ou a mãe, diz para uma criança falar baixo, pois está fazendo muito barulho. Só que diz isso, aos berros, gesticulando com o dedo em riste e a fisionomia fechada, em tom de ameaça. A criança ouve a mensagem, mas o que fica gravada é toda a comunicação gestual e o tom de voz do seu interlocutor. Seria, claro, mais coerente, se isso fosse dito em tom de voz suave, o adulto se baixando para ficar da “altura” da criança e, embora dito com firmeza, mas com uma expressão fisionômica aberta, tranqüila. Isso se chama coerência.
Não há mais lugar para o “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”.
Um sorriso sarcástico, uma piada de mau gosto, colocar o aluno em situação constrangedora, um olhar de desaprovação diante de um trabalho que, apesar de não estar totalmente correto, mas precisou de esforço para ser feito. Tudo isso marca e marca profundamente.
Muito mais teríamos a exemplificar, mas prefiro deixar um espaço para que façamos nós mesmos, eu e você, uma reflexão sobre como nossa comunicação, principalmente a não verbal, está atingindo, influenciando, marcando a formação de nossos alunos.
Um grande abraço e sucesso para você.
Augusto Cruz
(85) 9619.1215
Por Augusto Cruz
A comunicação de uma forma geral, é peça de fundamental importância para quem leciona, seja qual for a matéria e é o meio que temos para trabalhar as informações da disciplina que lecionamos, o conteúdo. Mas a comunicação não-verbal, influencia diretamente na formação
Lamentavelmente, algumas pessoas que “estão” professores, não compreendem bem essa importância, daí nos deparamos com problemas no ensino, que na verdade, são problemas de comunicação, gerando problemas sérios na formação dos educandos.
Aquilo que é dito é muito importante, mas, a forma como é dito pode modificar totalmente o significado da mensagem.
Clarice Michelan, em seu texto “Como entender a linguagem corporal”, nos diz o seguinte: “Estudos lingüísticos concluíram que as palavras correspondem a apenas 7% da comunicação. Já a voz, o tom da voz, e o jeito de dizer as coisas equivalem a 43%. Agora, surpreendentemente, a linguagem corporal transmite cerca de 50%, ou seja, metade da mensagem recebida pela outra pessoa”.
Comecemos com um exemplo onde só a interpretação da mensagem já causa confusão. Uma ex-aluna minha da universidade, professora em uma escola de um município do interior do Ceará, me contou o seguinte: falava-se sobre neve durante a aula, daí uma criança aluna dela disse “professora eu já vi neve. Eu vejo neve todo dia.” A professora, surpresa com a afirmação da criança, perguntou curiosa, onde ela via neve, a menina respondeu: “no congelador da geladeira lá de casa.”. Tem lógica! Ela deve ter escutado que neve era gelo, se a geladeira dela tem gelo, e neve é gelo, então ela vê neve todos os dias. Precisamos ter cuidado com a forma como passamos certas idéias para nossos alunos.
Um exemplo mostrando a força dos gestos, quem nos conta é Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia: “Às vezes, mas se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo. O professor trouxera de casa os nossos trabalhos escolares e, chamando-nos um a um, devolvia-os com o seu ajuizamento. Em certo momento me chama e, olhando ou re-olhando o meu texto, sem dizer uma palavra, balançando a cabeça numa demonstrarão de respeito e de consideração. O gesto do professor valeu mais que a própria nota dez que atribuiu à minha redação. O gesto do professor me trazia confiança ainda, obviamente desconfiada de que era possível trabalhar e produzir” (FREIRE, 1996).
Levando em conta essa força que a comunicação não-verbal tem, podemos pensar que, se fosse ao contrário, fisionomia e gestos negativos, também marcaria, só que negativamente, podendo inclusive gerar um trauma.
Outro dia ouvi um relato de uma aluna da educação infantil que tentava mostrar seu desenho para a professora, e que a “tia” insistia em dizer que estava muito bonito, sem sequer olhar direito para o desenho, só que a menininha percebeu e disse “Tia a senhora acha bonito e nem viu que no desenho eu estou matando a minha mãe.” Essa doeu!
Ela percebeu que, embora a professora respondesse, não estava lhe dando a atenção necessária. Não estava inteiramente no processo de comunicação.
Um outro fator é quando o pai ou a mãe, diz para uma criança falar baixo, pois está fazendo muito barulho. Só que diz isso, aos berros, gesticulando com o dedo em riste e a fisionomia fechada, em tom de ameaça. A criança ouve a mensagem, mas o que fica gravada é toda a comunicação gestual e o tom de voz do seu interlocutor. Seria, claro, mais coerente, se isso fosse dito em tom de voz suave, o adulto se baixando para ficar da “altura” da criança e, embora dito com firmeza, mas com uma expressão fisionômica aberta, tranqüila. Isso se chama coerência.
Não há mais lugar para o “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”.
Um sorriso sarcástico, uma piada de mau gosto, colocar o aluno em situação constrangedora, um olhar de desaprovação diante de um trabalho que, apesar de não estar totalmente correto, mas precisou de esforço para ser feito. Tudo isso marca e marca profundamente.
Muito mais teríamos a exemplificar, mas prefiro deixar um espaço para que façamos nós mesmos, eu e você, uma reflexão sobre como nossa comunicação, principalmente a não verbal, está atingindo, influenciando, marcando a formação de nossos alunos.
Um grande abraço e sucesso para você.
Augusto Cruz
(85) 9619.1215